28 de setembro de 2010

Deixe seu Cérebro Descansar

Multitasking sem pausa sobrecarrega o cérebro. Loren Frank, da Universidade da Califórnia em São Francisco, acredita que o cérebro requeira uma pausa para transportar para a memória permanente qualquer experiência pessoal vivida. 


O excesso de estímulo prejudica esse processo, como já comprovado em experiências com ratos. Na Universidade de Michigan, ainda como divulgado pelo New York Times, foi descoberto que as pessoas aprendem muito melhor depois de um passeio pelo campo do que depois de um passeio por ruas movimentadas, quando o processamento de informação é muito mais intenso e gera uma "fadiga" nem sempre percebida.

21 de setembro de 2010

Competências e Avaliação

Uma nota do Parlamento Europeu [2010] define oito competências necessárias para o sentimento de realização pessoal, cidadania ativa, inclusão social e empegabilidade na sociedade do conhecimento: comunicação na língua materna, comunicação em línguas estrangeiras, competência em matemática e competência básica em ciência e tecnologia, competência digital, aprender a aprender, competências cívicas e sociais, senso de iniciativa e empreendedorismo e  consciência da interculturalidade.

O documento lembra que a maior parte dos métodos de avaliação em uso estão centrados no conhecimento e na recuperação da informação pelo que não são capazes de capturar adequadamente as habilidades e atitudes ligadas às competências-chave; o mesmo acontece com a avaliação de competências transversais. O documento sugere que as experiências com técnicas como avaliação por pares, portfólios, avaliação baseada em projetos e outras sejam acompanhadas e aprofundadas.

Facebook e baixo desempenho acadêmico

O uso do Facebook prejudica o desempenho acadêmico segundo estudo do Professor Paul Kirschner, da Open University da Holanda, publicado no Journal of Computers in Human Behaviour [Elsevier].

Além do fato óbvio de que o tempo passado no Facebook reduz o tempo disponível para estudo, o documento diz que as pessoas que realizam múltiplas tarefas simultâneas precisam de mais tempo para o aprendizado e cometem mais erros no processamento da informação. Não seria surpresa se estudos feitos em outras redes sociais chegassem à mesma conclusão.

The NeoCube



Haverá vida fora do Google?

Ethevaldo Siqueira

O texto abaixo é um resumo jornalístico da palestra proferida no dia 7 de setembro pelo presidente do Google, Eric Schmidt, keynote speaker da IFA 2010, em Berlim.


Em sua fase inicial, a internet mostrava o quanto o computador poderia fazer por todos nós. Hoje penso um pouco diferente, pois o celular – em especial o smartphone – multiplicou por um bilhão o poder do computador.

O que aconteceu após a explosão da telefonia celular no mundo foi tão impressionante que eu passei a considerar a mobilidade em primeiro lugar. Sim, mobility, first. A expansão da internet – e, por consequência a expansão do Google – não tem ocorrido por causa dos computadores, mas porque os celulares mais avançados, os smartphones de hoje, já são tão poderosos quanto os verdadeiros computadores. E funcionam como terminais remotos conectados a supercomputadores.

O que chamamos de cloud computing equivale, na prática, a um imenso supercomputador. E graças aos smartphones, a informação, o vídeo ou a música estão disponíveis para milhões. A informação e o entretenimento estão diante de cada um de nós, ao alcance de nossa mão.

Países desenvolvidos como a Alemanha já experimentam o que eu chamo de conectividade pervasiva.Imaginem, agora, o que significará a próxima geração de celulares, com a tecnologia LTE (Long Term Evolution ou Evolução de Longo Prazo), a 50 Megabits/segundo. No passado, eu sonhava com 1 Mbps, que chegou. De lá para cá, nunca mais fiquei satisfeito. Mas daqui a pouco vamos ter 50 Mbps. Com 50 Mbps, teremos vídeo, real-time streaming, Video on Demand (VoD), download de muita imagem e som.

Não se trata apenas de um salto causado pelos smartphones. Nem só pelas redes. Nem só pelas informações que estão por trás de tudo. É muito mais, porque resulta da soma de tudo isso, da ação simultânea das empresas, dos smartphones, das redes de banda larga e da massa descomunal de informações armazenadas num conjunto de supercomputadores.

A rede gigantesca
A internet alcançou dimensões incríveis. Expandiu-se tanto pelo mundo que hoje chega a conectar mais de 35 bilhões de dispositivos ou aparelhos de todos os tipos, como celulares inteligentes, laptops, desktops, televisores, equipamentos instalados residências, empresas e em carros.

Nosso principal terminal acesso ao supercomputador ou à nuvem é o smartphone. Ele é uma espécie de computador de mão, que envia perguntas e pedidos de informações ao supercomputador. Este, por sua vez, manda de volta a resposta ao nosso pedido, com texto, foto, música ou um vídeo.

Caminhando aqui em Berlim, resolvi ir à catedral católica de St. Hedwig, apontei o smartphone para a igreja e obtive todas as informações sobre essa catedral, que ela foi iniciada no século 15 e terminada em 1905 e muito mais.

Posso fazer isso em outras grandes cidades da Europa, e de outros continentes. O que vivi aqui em Berlim é uma incrível experiência. Acho até que é uma forma de inteligência artificial. E esse é um campo em que os computadores têm um grande desempenho.

O mundo ao alcance da mão
Os aspectos humanos desse cenário já eram pressentidos há alguns anos. Lembro-me de Bill Gates predizer em 1999, numa Comdex, que teríamos no futuro empresas de computação (como o Google), que nos permitiriam ter toda informação do mundo na ponta de nossos dedos, ao alcance de cada ser humano. Exatamente o que está acontecendo agora.

Não é algo fantástico? Hoje podemos saber praticamente tudo. Qualquer coisa que você precisa saber está disponível, aqui e agora. Essa é a grande mudança. Pense no que significa isso: podemos ouvir, falar e pensar sobre qualquer assunto ou ponto do conhecimento. E tudo isso é, em última instância, resultado da sinergia e da combinação de dispositivos móveis, de redes e de supercomputadores.
O Google quer ser um auxiliar de todo ser humano, para ajudá-lo a fazer as coisas mais rapidamente, porque o tempo é precioso, vale muito. Time matters.


Fazemos centenas de melhorias nos processos de busca a cada ano. Vocês, usuários, vão conhecendo e usando tudo isso, gradativamente. Vão descobrindo novos caminhos, como a tradução automática de textos e de voz. E sabemos que a pesquisa de informação, a busca, é uma necessidade pessoal, de cada usuário, seja para completar um texto, para enviar um e-mail, para localizar uma personalidade histórica, para saber o que está acontecendo em determinado setor da economia ou da cultura.

O que vem por aí
A próxima etapa é a busca automática. O smartphone, que é, na prática, o computador que está em meu bolso, sabe que estou em Berlim e já me dá um conjunto básico de informações úteis, me passa coisas que eu, possivelmente, não saiba mas que precisaria saber.

Outro aspecto da busca é nos dar o que realmente importa. Como, por exemplo, saber como está o tempo, se  vai chover ou fazer sol, frio ou calor. A busca precisa, cada vez mais, focalizar naquilo que as pessoas, realmente, querem ou precisam fazer. Ou estão interessadas em saber. O Google quer ser essa ponte entre as pessoas.

Uma de cada três questões propostas nos smartphones se referem ao lugar onde estou, ao meu entorno, à minha localização, a coisas ou pessoas que estão próximas de mim. Por todas essas utilidades e aplicações, é que os celulares se expandem numa velocidade superior a qualquer outra produto ou serviço no mundo.

A força do Android
Vocês sabiam que, a cada dia, são ativados 200 mil smartphones com o sistema operacional Android? E não se trata de apenas um modelo de telefone celular ou dispositivo. Já são mais de 60 aparelhos, 59 operadoras em 49 países.

Vejam o caso do YouTube. É um fenômeno mundial de popularidade, que alcança 2 bilhões de visitas por dia. E mais: a cada minuto são postadas 24 horas de vídeo no YouTube.

Neste ponto de sua palestra, Eric Schmidt chamou dois de seus especialistas para demonstrações. O primeiro foi Hugo Barra, diretor do Google. No palco, ele faz uma demonstração de reconhecimento de voz com seu smartphone.

Mais surpreendente ainda é o novo serviço de busca musical por reconhecimento de voz. Hugo Barra pede a seu smartphone que toque uma música (Just Dance) de Lady Gaga. Em segundos, a música está sendo ouvida no celular.

Outra aplicação de grande utilidade que também utiliza o reconhecimento e o comando de voz é a daligação automática, demonstrada por Barra, ao pedir ao seu celular: "Chame o Hotel Grand Hyatt, em Berlim". Em segundos, o hotel atende.

Por fim, a demonstração de tradução automática de uma conversa entre um turista e um lojista – cada um deles falando apenas a sua língua-mãe, alemão ou inglês. Tudo funciona perfeitamente.
A segunda pessoa a ser chamada ao palco para fazer demonstrações foi a gerente de marketing de produto do Google, Brittany Bohneh, que deu mais informações sobre a Google TV, a televisão conectada que será lançada até o final do ano nos Estados Unidos.

A Google TV é uma plataforma de software, formada por um set-top box da Logitech, um televisor Sony com Blu-ray player e uma Dish box.

É um dos melhores exemplos de associação entre a internet e a televisão. Entre seus recursos, ela permite a busca de filmes e shows, oferecendo ao usuário a possibilidade  de assistir a esses programas de TV paga ou pela web. A Google  TV vai mais longe, entretanto, permitindo que o telespectador possa assistir a vídeos com o recurso do Flash, ter acesso a notícias, enviar e-mails e personalizar sua tela inicial com seus canais e sites favoritos.

Ferramentas mágicas
Após as demonstrações, Eric Schmidt retoma sua apresentação. "O que acabamos ver aqui era ficção científica há poucos anos. Aliás, a própria web já produziu o que eu chamo de internet disruption.
A internet abre tudo, escancara tudo, mostra os players, seus concorrentes, os preços, as ofertas, as opiniões positivas ou negativas, a avaliação de clientes e competidores, as queixas, os elogios.

Nesse sentido, a internet assusta os grupos dominantes (incumbentes). Um produto de um concorrente relativamente pequeno pode alcançar a visibilidade de 1 bilhão de pessoas. E a cada dia mais pessoas estão desejando e precisando dessas informações.

Uma idade de ouro
Essa ação disruptiva (avassaladora) da internet e seus benefícios –ao mesmo tempo destruidores e criativos – vão continuar. Eu afirmo, no entanto, que estamos vivendo a véspera de uma espécie de Idade de Ouro.

Por que uso essa expressão? Porque essa Golden Age traz inovações formidáveis – verdadeirosbreakthroughs. As ciências da computação estão acelerando o conhecimento e a disciplina humana. Isso não significa que os cientistas e a população não tenham preocupações e problemas sérios: como o aquecimento global, terrorismo, a falta de transparência financeira – que são, fundamentalmente, problemas de informação.

Imaginem agora um futuro bem próximo. Em breve, vocês não se esquecerão de nada. Ou, por outras palavras: vocês não terão que lembrar-se de nada. Por quê? Porque o computador relembrará vocês de tudo.

Hoje ninguém se perde, mesmo estando num local ou país totalmente desconhecido. Você sempre pode saber exatamente onde está, que caminhos seguir para chegar a um destino, numa cidade ou país estranho.

Tudo em todas as línguas
Graças às telecomunicações e às novas tecnologias digitais, assistimos a uma verdadeira explosão de telemetria em tempo real. Ela é, também, resultado de uma fantástica disponibilidade de informação, de terabytes e mais terabytes.

As informações sobre o planeta – Google Earth e Google Maps – colocam hoje o máximo de informações sobre a Terra ao alcance de qualquer pessoa em qualquer língua. Há pessoas que gostam mais do Google Earth. E isso tem sentido, porque se trata de nosso planeta, nosso único planeta. Outras gostam mais do Google Maps.

Diante dessa explosão do conteúdo, dessa avalanche de informação, muita gente se pergunta: que devo fazer, ou melhor, o que estou fazendo?

Minha resposta: faça o que é mais relevante. Selecione o que, realmente, vale a pena ver ou fazer. Em lugar de desperdiçar seu tempo vendo TV, desperdice-o navegando na internet, onde vocês têm muito maior variedade de assuntos.

A boa notícia é que a internet não interessa apenas nem diz respeito exclusivamente ao futuro das elites. Essa tecnologia se tornará acessível a cada pessoa, a cada habitante deste planeta. O número de internautas já ultrapassa 1 bilhão de pessoas. Em menos de cinco anos, calculo, serão 3 ou 4 bilhões. Isso é uma mudança tremenda, em termos de acesso à informação.

Esse é o futuro que interessa de perto ao Google. E, é claro, interessa ainda mais às pessoas, porque diz respeito à sua informação, ao seu conhecimento, às suas intuições, aos seus sentimentos, às suas ideias. Essa internet do futuro, estou certo, falará ou cuidará cada vez mais acerca de pessoas, da sociedade, dos problemas humanos.

10 de setembro de 2010

As sete fases de um projeto

1. Entusiasmo

2. Desilusão

3. Confusão 

4. Pânico

5. Procura do culpado

6. Castigo do inocente

7. Promoção dos que não participaram

3 de setembro de 2010

Estilo ABNT para o Zotero

Estou testando o Zotero. Parece um grande sistema, principalmente para quem orienta trabalhos acadêmicos.

O que é Zotero

É um sistema gratuito e aberto de banco de dados de bibliografia, tipo End Note, que está se espalhando rapidamente na comunidade acadêmica mundial. É constituído por:
  1. Um site gerenciador onde se criam grupos de trabalho e se compartilham bibliografias.
  2. Um plugin para Firefox, onde se cadastram e editam as bibliografia (adicionando-se links, notas, screenshots etc)
  3. Plugins para BrOffice e para MS Word por onde se inserem as referências e as bibliografias.
Como funciona
  1. Primeiro, você se cadastra no site. Depois, pode criar grupos para compartilhar bibliografia com colegas e orientandos.
  2. Depois, ao pesquisar na internet ou offline, pelo plugin do Firefox você registra bibliografias, adiciona notas (como citações, por exemplo), screenshots de páginas internet e outros detalhes. (Veja imagem 1 em anexo. Plugin marcado em vermelho)
  3. Ao redigir seu trabalho científico, você insere referências bibliográficas e bibliografias no editor de texto, já formatados conforme dezenas de estilos de citações (Veja imagem 2 em anexo). Achei o estilo ABNT em http://www.zotero.org/styles. Procure "ABNT" na página e clique em "Install".
  4. Ao mudar o estilo de citação no plugin, todas as referências mudam automaticamente para o novo estilo, no editor de texto. Ótimo para quem envia trabalhos ao exterior. Não precisa reformatar tudo.
É necessário ter instalado o Java Oracle, com os plugins para o navegador. Veja como instalar Java em Linux.

20 de agosto de 2010

Aprenda a ser Criativo

A criatividade se tornou a qualidade mais desejada no mercado de trabalho. O que fazer para aumentar a sua.

Revista Época - por Francine Lima, Nelito Fernandes e Anna Carolina Lementy

Lembre-se da última boa ideia que lhe ocorreu, Ela pareceu vir do nada, du­rante o banho? Você deixou que ela escorresse pelo ralo e não pensou mais nela? Ou anotou, contou aos amigos e imaginou como aplicá-Ia em sua vida? Se você é alguém que tem ideias ori­ginais, do tipo que assustam um pouco sua família, e gosta de tentar colocá-Ias em prática, chegou sua hora: esses pensamentos borbulhando em sua cacho­Ia podem valer um emprego novo, um aumento ou mais negócios. Se você não se acha dos mais criativos, ânimo. Nas próximas páginas, vamos lhe dar boas razões para acender as lâmpadas aí dentro e mostrar como fazer isso. O motivo vem de pesquisas recentes feitas com os maiores contratadores do mundo.

Uma dessas pesquisas, feita pela prestadora de ser­viços tecnológicos IBM com os principais executivos de 1.500 empresas, de vários países, revelou que eles consideram a criatividade o fator crucial para o su­cesso atualmente. Para que suas empresas consigam driblar as dificuldades e aproveitar as oportunidades, precisam de gente com ideias novas. Outra pesquisa, feita pela consultoria de administração de pessoal Korn/Ferry, com 365 dirigentes de grandes empresas só na América Latina, chegou à mesma conclusão: a habilidade de criar o novo e o diferente é a mais desejada por mais da metade dos dirigentes (56%).

Ficou à frente de capacidades fundamentais, como saber tomar decisões complexas e conduzir equipes rumo a resultados. A essa altura, seria razoável per­guntar por que as companhias simplesmente não treinam seus funcionários e fornecedores para ser mais criativos ou não saem por aí oferecendo aos criativos mais dinheiro. A resposta: elas tentam, mas chegaram à conclusão de que treinar ou encontrar gente criativa não é tão simples.

Os dirigentes entrevistados pela Korn/Ferry con­sideram a criatividade a habilidade mais rara de encontrar e também a mais dura de ensinar dentro dos ambientes de trabalho tradicionais (embora seja possível aumentar essa capacidade com o ambiente e os métodos certos, como veremos adiante). Além disso, há indícios de que as pessoas altamente criativas estejam ficando mais raras. Uma pesquisa nos Estados Unidos mostrou que, ao contrário dos quocientes populacionais de inteligência (Q.I.), que crescem a cada geração, a criatividade vem caindo. O fenômeno foi observado pelo pesquisador Kyung Hee Kim, do College of William & Mary (uma im­portante universidade pública nos EUA). Ele avaliou testes de criatividade feitos desde 1958 e aplicou um deles há dois meses a 300 mil americanos, adultos e crianças. Segundo o cientista, as notas vinham su­bindo até 1990. De lá para cá caíram, especialmente entre crianças pequenas.

Se você acha que já tem o perfil ou quer passar a se encaixar nele, ainda há um ponto que precisa saber antes de começar a ajeitar o currículo. "Criar", tanto para os altos executivos entrevistados quanto para os cientistas que estudam o funcionamento do cérebro, é um conceito mais profundo do que "ter ideias diferentes". Está mais para "ter ideias diferentes e utilizáveis, e ter o impulso de realizá-Ias". "Criativo", por essa visão, não é aquele sujeito malu­quinho, cheio de pensamentos vibrantes e caóticos, mas pouco prático. O verdadeiro criativo trabalha. Ele pensa em como im­plementar as ideias e conhece os limites do mundo real, como escassez de material, dinheiro ou tempo - mesmo que seja para chutá-los para o alto.

Outras qualidades profissionais seguem em alta: ética, comunicação fluida, capa­cidade de análise, poder de inspirar equi­pes. Por que a criatividade se tornou mais desejada que todas? Nos países ricos, há o cenário do momento: uma crise que amea­ça destruir as empresas menos espertas e pouco flexíveis. Pensando no planeta, in­cluindo o Brasil, sabemos que o mundo fi­cou, a um só tempo, menos previsível para quem vende e mais generoso para quem compra. Há abundância de oferta de produtos e serviços) que tendem a se tornar mais baratos. Mais empresas competem com maior eficiência por consumidores mais exigentes. As companhias precisam cortar custos e oferecer novidades de forma acelerada. O jeito velho de trabalhar não produz novidades na velocidade desejada. Vai se destacar quem conseguir criar mais e criar bem.

Um exemplo é a arquiteta Sarah Torqua­to, mineira de 25 anos. Em quatro anos, ela passou de estagiária a coordenadora de lançamentos na construtora MRV. Desde que começou a estagiar, Sarah depositou no banco de ideias da empresa 40 sugestões de como substituir materiais de construção por alternativas mais baratas, das quais 15 foram adotadas. Ninguém contribuiu tan­to. Suas recompensas pelas ideias chegaram a R$ 40 mil, dinheiro com que deu entrada num apartamento aos 24 anos. Como uma pessoa tão jovem pode ser tão produtiva? Sarah diz que muitas vezes acordava de madrugada com uma inspiração, anotava a ideia num caderninho e voltava a dormir . "Fico ligada em tudo, o tempo todo", diz. Alguns amigos a criticaram pela quantidade de sugestões. "Muita gente di­zia: pare de dar ideias, a MRV já está rica." A empresa diz ter distribuído R$ 1 milhão em prêmios para os funcionários por ideias que lhe economizaram R$ 80 milhões. Há ingredientes parecidos nas histórias do engenheiro químico Marcos Aurélio De­tilio, que ofereceu sugestões de economia de energia aos clientes da empresa de en­genharia e tecnologia Chemtech, em que trabalha, e conseguiu três promoções em quatro anos; ou de Arnaldo Gunzi, de 31 anos, que adaptou modelos matemáticos para melhorar o deslocamento de técnicos de telefonia no Recife e ganhou a opor­tunidade de trabalhar na Austrália; ou da chefe de cozinha Carole Crema, de 37 anos, uma das responsáveis por iniciar no Brasil a moda dos cup cakes, os bolinhos confeitados feitos em formas individuais. Criatividade é essa capacidade de ver pos­sibilidades que os outros não enxergam e contribuir com algo original e útil.

Embora prezem tanto a criatividade, a maioria das empresas não a apoia. "Mui­tas, infelizmente, cerceiam a criatividade", diz Marco Antônio Lampoglia, diretor da consultaria Active Educação e Desenvolvi­mento Humano. A estratégia mais usada é a dos brainstormings, reuniões em que a equipe joga ideias à vontade. Em geral são mal conduzidos e não trazem bons re­sultados. Segundo Sofia Esteves, psicóloga e presidente da DMRH, consultoria de recursos humanos, o profissional criativo tende a se afastar de ambientes conservado­res. Ele quer mais participação em vez de só cumprir ordens. Ainda que a empresa não esteja de todo preparada para o profissional criativo, ele tem mais chances de brilhar.

Há dois movimentos cruciais para o modo de pensar criativo: a divergência - ampliar perspectivas, fazer associações diferentes, recorrer a conceitos novos - e a convergência - o foco nas aplicações práti­cas das novidades. Os menos criativos recorrem a respostas conhecidas. Os mais criativos ousam com respostas alternativas, nem sempre bem­ vistas. A mente criativa enxerga similari­dades onde os outros só veem diferença. A boa notícia é que é possível mudar nosso padrão de pensamento. Algumas formas de soltar a criatividade: buscar analogias, dei­xar que a mente se perca em pensamentos e procurar novas experiências.

Estudar sempre ajuda, pois amplia o repertório de informações que você pode recombinar. "A criatividade tem menos a ver com um dom e mais com a forma como você absorve as informações e as conecta", diz o publicitário formado em história Flá­vio Cordeiro, sócio-proprietário da Binder Visão Estratégica, no Rio de Janeiro. Quem observa um criativo em atividade fica ten­tado a tratar essa habilidade genericamente como inteligência. Mas há diferenças.

O teste de Q.I., Quociente Intelectual, mede habilidades mentais ligadas ao ra­ciocínio lógico, à habilidade com cálculos e à visão espacial. É pouco útil para medir a criatividade. Uma pessoa com Q.I. acima de 100 (a média) pode ser espertíssima e não ser muito criativa. No livro Fora de série ­ - Outliers (editora Sextante, 2008), Malcolm Gladwell relata que Poole e Florance, dois estudantes do ensino médio na Inglaterra, ambos com alto Q.I., tiveram resultados muito diferentes num teste de divergência, um dos mais comumente usados para me­dir criatividade. O teste consistia em listar a maior quantidade de usos que imaginas­sem para um tijolo. Poole descreveu cinco funções, algumas bem-humoradas, como "para segurar o cobertor no lugar, coloque um tijolo em cada canto da cama" Floren­ce ficou com "construir coisas" e "lançar". Demonstrou capacidade de dar respostas rápidas, mas convencionais. Em situações complexas, sem respostas conhecidas, gen­te como Poole tende a levar vantagem.

Isso não significa que criatividade e raciocínio lógico caminhem separados. "Quando o Q.I. é alto, normalmente tam­bém é alto o quociente de criatividade", diz a Ph.D. em psicopatologia experimental Shelley Carson, da Universidade Harvard. Especializada na relação entre criatividade e saúde mental, ela ajudou a formular o teste mais difundido hoje para medir criativida­de entre profissionais de alto desempenho, como cientistas e artistas premiados.

Também varia de pessoa para pessoa o jeito de criar. Um modelo de avaliação cria­do nos anos 90 por pesquisadores liderados pela psicóloga Ruth Richards, da Universi­dade Saybrook, nos Estados Unidos, atribui notas de 0 a 5 à atividade criativa no traba­lho. A nota máxima vai para o inventor que tem ótimas ideias e não sossega enquanto não as realiza. O nível um pouco abaixo, há os que têm muitas ideias, mas menos energia para implantá-Ias, e há os que têm poucas ideias, mas muita disposição e ca­pacidade de persegui-las.

O potencial criativo também pode ser favorecido pelo ambiente. Às vezes é preci­so mudar de ares, como fez Renato Ratier, filho de fazendeiros de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A família de Ratier imaginava que ele trabalharia no agronegó­cio. Ele chegou a cursar Zootecnia, Direito e Administração, mas não se sentia realizado. Numa viagem à Califórnia, encantou-se com a riqueza cultural e decidiu estudar design lá. Na volta, abriu vários negócios, entre eles uma casa noturna em que tocava música eletrônica em vez de sertaneja. Ratier hoje se divide entre Campo Grande (onde moram sua mulher e os filhos) e São Paulo, para onde levou a D-Edge, conside­rada um dos clubes noturnos mais badala­dos do mundo. Ratier poderia ter seguido no agronegócio, mas evitou um bloqueio clássico à originalidade, que é a tentativa de se encaixar no que é socialmente adequado. "Nós censuramos nossos pensamentos. Os "maus pensamentos" nem sequer vêm para a mente consciente", diz Shelley Carson. Com essa censura, deixamos de acessar ideias originais. Para reverter esse proces­so danoso, ela sugere "desligar" algumas partes censoras do cérebro. Numa pesquisa de 2004, Shelley mostrou que existe uma correlação forte entre alto Q.I. (20% a 30% acima da média), baixa inibição latente (fil­tragem de estímulos, saber escolher quais informações devemos levar em conta ou ignorar) e alta criatividade.

Essa pesquisa ajuda a entender uma des­coberta recente. Em maio, pesquisadores da Universidade Karolinska, na Suécia, encon­traram semelhanças no funcionamento do cerebro de pessoas criativas e no de pessoas esquizofrênicas ou que tenham histórico de esquizofrenia na família. Uma das ca­racterísticas do esquizofrênico é a falta de inibição latente - ele tem dificuldade de distinguir entre o que pensa e o que ouve e costuma fazer associações bizarras entre assuntos que a maioria não relaciona.

No livro Seu cérebro criativo, com lança­mento previsto no Brasil para 2011, Shelley descreve sete estados cerebrais que, segun­do ela, favorecem pensamentos originais. Entre eles estão o estado de conexão (um tipo de "atenção desfocada" após o estudo de temas complexos, que facilita conectar conceitos díspares), o de visualização (que aproveita imagens, metáforas e pensamento não verbal para identificar padrões) e o de fluxo (em que o pensamento avança numa tarefa criativa, sem interrupção, como um músico improvisando). "Novas descobertas da ciência sugerem que, com treinamento, podemos manipular a ativação de padrões cerebrais e formar novas conexões", diz.

A ciência do cérebro tem evoluído muito desde que a tecnologia permitiu monitorar nossa atividade mental. Cientistas da Rede de Pesquisa da Mente, em Albuquerque, Novo México, nos EUA, estão mapeando o cérebro para saber que impulsos bioquí­micos e reações físicas ocorrem durante ati­vidades criativas. O estudo, com 65 pessoas até o momento, sugere que a criatividade perfaz caminhos tortuosos. "Quando  se trata da inteligência, o cérebro parece uma rodovia que nos leva do ponto A ao
ponto B", diz Rex Lung, professor assisten­te do departamento de neurocirurgia da Rede. "Nas regiões do cérebro relaciona­das à criatividade, parece haver várias ro­tas alternativas com desvios interessantes e retornos." Já se sabe que sonhar acordado regularmente facilita o processo criativo para todo mundo.

O criativo deixa a mente viajar com o mínimo possível de censura, até que várias ideias boas tenham surgido, para só então verificar sua viabilidade. "Para a criativi­dade, você precisa que sua mente divague", afirma Lonathan Schooler, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara. "Mas tam­bém precisa ser capaz de perceber que está divagando e capturar a ideia quando ela aparece. O criativo passa do pensamento divergente para o convergente, liberta-se para depois se enquadrar." Isso é completamente diferente de ser espontâneo, ama­lucado ou relapso. "Criatividade sem disci­plina é um barco sem leme", diz o escritor Paulo Coelho, que capturou milhões de fãs no mundo com sua mistura de autoajuda e misticismo. "O vento é a criatividade. Você vai manejando a vela." Além de dedicação, diz o escritor, criar também depende de uma disposição para o risco e para se expor à rejeição. "Você tem de sair de sua zona de conforto. Ser criativo não significa que você vai ser bem-sucedido. O criativo é criticado porque ele faz diferente, e muitas vezes é ridicularizado", diz Coelho.

A coragem de abraçar o ridículo pode ser uma arma criativa. Naturalmente de­sastrada, Daniella Giusti Adnet vivia fazendo troça de si mesma diante da família. Tornou-se a humorista Daní Calabresa. As risadas que ouvia inspiraram o desejo de se profissionalizar. Mas até criar com desen­voltura diante da plateia, em shows ao vivo latadas e na MTV, ela passou muito tempo sentada, escrevendo textos e pensando em personagens. "Hoje, chego ao palco, jogo uns assuntos e vou enlouquecendo com a plateia. Essa é a parte mais gostosa: arris­car sem medo", diz. Expor-se e improvisar num palco não é para quem se sente preso às convenções. "Muitas mulheres não têm coragem de largar a vaidade e se expor ao ridículo, coisa que eu adoro fazer."

Não é só nos palcos (ou nas empresas) que a criatividade ajuda a ter sucesso. Sem ela, a espécie humana não teria domina­do a linguagem - a capacidade de criar e manipular símbolos. Nesse sentido, não existe ser humano que não seja criativo. Mas, dados os desafios da vida moderna - relacionar-se com pessoas muito diferen­tes entre si, deparar com problemas ines­perados na educação dos filhos, seduzir a pessoa amada -, é natural que o prêmio aos mais criativos seja maior. Como afirma James Kaufman, diretor do Instituto de Pesquisa do Aprendizado na Universida­de do Estado da Califórnia: "Os criativos tendem a ser mais felizes".

Como ser mais criativo

Ter ideias e aplicá-Ias exige doses combinadas de talento, esforço, hábito e método. Tudo isso pode ser treinado e melhorado:

- Experimente outros pontos de vista
Ao imaginar vários usos para um tijolo, pense como se fosse outra pessoa: um escultor, um pedreiro, um arruaceiro, um pintor, um jardineiro. O criativo abandona preconceitos e busca novos ângulos

- Busque e transponha
Gutenberg inventou a prensa gráfica depois de conhecer a prensa de uvas numa vinícola. Às vezes, a soluçâo (mesmo parcial) para um problema já existe, só precisa ser adaptada 

-  Procure analogias
Leonardo da Vinci teve a inspiração do helicóptero ao observar pássaros. Ele percebeu que o pássaro jogava o ar para baixo, mas usou o conceito num projeto completamente diferente, sem asas.

-  Abrace a originalidade
Buscar analogias ou transformar conceitos não significa imitar. Imitações impõem limites. Ao criar, pense em sua experiência, seu ponto de vista e em como isso pode tornar sua ideia única.

- Aproxime-se de pessoas criativas
Mentes livre-pensantes estimulam-se mutuamente, compartilham pensamentos e deixam-se umas às outras confortáveis para expor ideias ousadas. É mais fácil ter boas ideias num ambiente já criativo.

- Use duas ferramentas: foco e divagação
O criativo costuma, primeiro, estudar o desafio a enfrentar. Depois, relaxa e divaga - o cérebro continuará trabalhando sozinho. A boa resposta pode vir depois, no banho, ao volante, até em sonhos.

- Capture ideias
Quando a mente viaja, os pensamentos criativos borbulham. Para criar, deve-se captura-los antes que escapem. Registre e discuta as ideias que surgem, mesmo que não pareçam maduras ainda.

- Trabalhe duro
Ser criativo não é só ter muitas ideias nem ter ideias pouco práticas. Ao persistir, correr risco e tirar a ideia do plano imaginário, ela mostra seus defeitos - e isso enriquece as próximas ideias.

Você é mais ou menos criativo?


Gente "sem criatividade" é algo que não existe - mas alguns de nós criam mais e com maior facilidade que outros. O teste abaixo mostra como você usa essa capacidade.

- Como Fazer o teste
Leia cada frase e depois marque a coluna que melhor indica como a descrição combina com você. Descreva-se como é agora, e não como gostaria de ser no futuro ou como gostaria de ser visto pelos outros. Pode ser útil comparar-se com conhecidos do mesmo sexo, da mesma faixa etária e do mesmo grupo social.

Não tem nada a ver comigo - 1 ponto Tem pouco a ver comigo - 2 pontos Não me descreve bem nem mal - 3 pontos Tem bastante a ver comigo - 4 pontos Descreve muito bem como sou - 5 pontos
Divago regularmente, em momentos variados do dia e lugares diversos
Quando tenho ideias absurdas, volto a pensar nelas outras vezes
Costumo imaginar cheiros, sons, sentimentos e sensações
Faço coisas que os outros acham estranhas e inesperadas
Sei como funcionam as pessoas, sistemas e coisas a meu redor
Gosto de apreciar as ideias alheias e de discutir as minhas
Gosto de ler textos, ver filmes e ouvir músicas considerados difíceis de apreciar
Fico empolgado com projetos que contrariam o senso comum
Quando tento algo novo e erro, insisto numa outra solução nova
Já passei a fazer algo de um jeito novo e melhor, embora o jeito velho funcionasse

Resultado:


- 10 a 20 pontos. Atualmente, você usa pouco a crlatlvldade. Leia nesta reportagem como treinar essa habilidade.

- 20 a 30 pontos. Você está menos criativo que a média. Tente entender o motivo e estimule seu lado criativo.

- 30 a 40 pontos.
Você está mais crlatlvo que a média. Mas lembre-se: criatividade precisa ser exercitada.

- 40 a 50 pontos
. Considere-se muno criativo. Mas confira se pode aumentar essa habilidade e aplicá­-Ia do melhor jeito possível.

Como nascem as ideias criativas


Pensamentos originais surgem quando o cérebro combina conceitos que, em princípio, não estavam relacionados. Esses conceitos podem estar na memória ou chegar com estímulos externos, por meio dos sentidos.

-  Em uma pessoa saudável
O processo criativo começa no lobos temporais, regiões que ajudam a "administrar" a memória. Os conceitos, peças que vão formar as ideias, são "enviados" ao lobo frontal. Mas vários mecanismos de filtragem controlam o fluxo de informação. Só passa o que importa.

- Distúrbios mentais
Doenças como a esquizofrenia podem atrapalhar o funcionamento dos filtros e sobrecarregar o lobo frontal. O excesso de conceitos irrelevantes que passam pelos filtros pode até gerar ideias muito criativas, mas prejudica o raciocínio.

- A ideia brilhante
Os conceitos que passam pelos filtros se combinam em novas ideias nos lobos frontais, regiões fundamentais para o raciocínio e que colaboram com a memória de curto prazo ("de trabalho"). Pesquisas mostram que em pessoas criativas esse processo de "montagem" é mais eficiente.

- Informação externa
Conceitos que chegam ao cérebro por meio dos sentidos (por exemplo, na degustação de um prato ou na leitura de uma revista) se combinam com os que vêm da memória de longo prazo e ajudam a gerar ideias.

- Ajuda do hemisfério esquerdo
Nas pessoas mais criativas, estruturas do hemisfério esquerdo do cérebro contribuem com o processo. Elas identificam conexões entre conceitos que não haviam sido percebidas antes. O processo criativo não ocorre, portanto, de uma única maneira. Várias regiões do cérebro participam da produção de uma nova ideia.

16 de agosto de 2010

Universidades no futuro

Por Fabio Reynol - http://www.agencia.fapesp.br/materia/12623/universidades-no-futuro.htm

Agência FAPESP – Programas de cooperação com outros países serão mais frequentes. Boa parte dos cursos será oferecida a distância. Alunos de graduação terão formação cada vez mais interdisciplinar.

Essas são algumas das tendências que deverão formar o perfil da universidade na década de 2020, segundo Julio Cezar Durigan, vice-reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que coordenou o 1º Ciclo de Debates "A universidade pública brasileira no decorrer do próximo decênio" , realizado nesta quarta-feira (11/8) no campus da Barra Funda, na capital paulista.

"O evento foi extremamente produtivo e cumpriu o objetivo de trazer visões de especialistas de outras instituições para contribuir com o debate", disse Durigan, que preside a Comissão Permanente de Gestão do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp, à Agência FAPESP.

Participaram dos debates os professores Olgária Matos, da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Antonio Constant Rodrigues da Cunha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gerhard Malnic (USP), Naomar Monteiro de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Hélio Nogueira da Cruz (USP) e Marco Aurélio Nogueira (Unesp). Abriram a sessão o reitor da Unesp, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, e o secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo, Carlos Vogt.

Uma das tendências mais lembradas no encontro foi a crescente interdisciplinaridade. Almeida Filho falou sobre a experiência da Universidade de Bolonha, na Itália, na qual os graduandos têm uma formação genérica nos três primeiros anos e escolhem uma carreira específica, fazendo um curso de mais dois anos.

"Na primeira fase, o estudante já obtém o diploma de graduação, e, após os dois anos de especialização, sai com o título de mestrado", disse Durigan. No entanto, segundo ele, há vários obstáculos para que esse modelo seja adotado no Brasil, como, por exemplo, a falta de reconhecimento desse tipo de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Os problemas também são de ordem prática. "Se um estudante de engenharia, por exemplo, quiser cursar disciplinas em ciências sociais, ele terá dificuldades. Por isso, precisamos facilitar o acesso dos alunos a outras áreas", afirmou.

O intercâmbio com instituições de outros países foi outro ponto abordado no evento e tido como fundamental para o desenvolvimento da pesquisa brasileira e para o aumento de sua visibilidade no mundo. Um importante obstáculo nesse caso é o idioma.

"Enviamos muitos alunos para intercâmbios em Portugal e na Espanha, por exemplo, mas isso não ocorre com a mesma intensidade com a Alemanha, China e Coreia do Sul", disse Durigan, destacando que há muitos pesquisadores de outros países que desejam trabalhar com brasileiros.

Para contornar o problema, a Unesp está diversificando os cursos de línguas que são disponibilizados aos alunos, como o curso de mandarim, ensinado em cinco unidades da universidade.

As universidades paulistas também investem no aprofundamento de intercâmbios com instituições para a dupla titulação, em que o aluno faz parte de seu curso no Brasil e parte no exterior e, na conclusão, obtém um diploma reconhecido pelos dois países.

Mais tempo para pesquisa

A universidade da próxima década também terá forte infraestrutura de tecnologias da informação e da comunicação (TIC), segundo os presentes no debate, uma vez que boa parte de sua função educacional deverá ser cumprida a distância.

O ensino a distância é capaz de atender mais pessoas e apresentar qualidade igual ou até superior à modalidade presencial, de acordo com o vice-reitor da Unesp. As TIC também serão uma ferramenta importante nas aulas presenciais. Os docentes deverão manter sites a fim de fornecer os conteúdos que serão abordados em sala de aula.

"Estudos mostram que o aproveitamento do estudante está muito relacionado à disponibilização de material antes da aula, para que ele possa se preparar para o encontro com o professor", disse Durigan.

Outra previsão é que as novas tecnologias deverão proporcionar mais tempo para o docente se dedicar aos trabalhos de pesquisa e de extensão. Já os serviços de extensão das universidades estarão cada vez mais relacionados com projetos de inovação.

A informática será ferramenta fundamental também na gestão das universidades. "Por estar espalhada por todo o Estado de São Paulo, a Unesp, por exemplo, tem uma logística complexa. Temos que contornar essa questão com a ampliação das ferramentas de comunicação e informação", disse Durigan.

A criação de planos de desenvolvimento institucionais foi apontada como alternativa para o problema da falta de continuidade de projetos nas universidades.

Durigan explica que a existência do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp impede gestões personalistas em que programas iniciados em outras gestões são abandonados ou descontinuados por novas administrações.

"Pretendemos agora organizar outros debates e visitar as unidades da Unesp para que cada uma desenvolva o seu plano", disse Durigan.

14 de junho de 2010

Y=Multitarefa?

Por Marcos Telles

Uma pesquisa da University College London , divulgada pela UOL em 02/06/2010, afirma que jovens com menos de 20 anos possuem o cérebro mais confuso e suscetível a distrações do que adultos. Até essa idade, o cérebro mostra grande atividade no córtex pré-frontal, área responsável  por tomadas de decisão  e atividades simultâneas [multitarefa]; para o estudo,  a concentração aumenta com a idade e océrebro dos jovens opera com menos eficiência do que o dos adultos.

Face a isso, que sentido dar à frequente afirmação de que multitarefa é uma característica da Geração Y?

Parece que a conclusão é clara: não se trata de característica de uma geração mas de exacerbação de uma característica fisiológica; a disponibilidade de várias ferramentas [computador, celular etc.] viabiliza a tendência multitarefa do cérebro jovem e aumenta a dispersão, prejudicando a concentração e a aprendizagem. O perigo, aí, é o surgimento de uma nova forma de escrever dirigida a essa demanda e que evitará "argumentos complexos que requerem atenção prolongada" alerta Nicholas Carr em seu livro The Shallows, comentado por Mark Egan no Link de 07/06/2010. O autor ainda afirma que "cada vez lemos menos livros, ensaios e textos longos que nos ajudariam a ter foco, concentração, introspecção e contemplação" o que aponta para o estabelecimento de um círculo vicioso.

2 de junho de 2010

Como funciona o planejamento de uma animação 3D?

Por Allan Britohttp://www.allanbrito.com/




  1. Layout: Tipo de animação extremamente simples, com o objetivo de avaliar os movimentos e enquadramento de câmera.
  2. Referências em vídeo: Essa é uma fase divertida da animação, em que uma pessoa ou ator deve tentar reproduzir os movimentos realizados pelos personagens. Depois é só usar os movimentos como base para desenvolver o projeto.
  3. Poses principais: Aqui os personagens são ajustados para ficar nas poses principais que delimitam os movimentos. Essa fase não considera a interpolação dos movimentos.
  4. Timing: Agora que as poses principais estão criadas, o animador pode adicionar interpolação linear entre os keyframes para ter uma idéia do tempo da animação.
  5. Poses secundárias: Nessa quinta etapa o animador adiciona poses intermediárias, para atribuir mais fluidez aos movimentos.
  6. Finalização: Depois de passar por todos esses passos, o animador pode partir para o produto final com o uso de interpolação mais suave e ajustes nos movimentos.

Tecnologia Aplicada à Educação

Por Marcos Telles | www.dynamiclab.com

PowerPoint
O exército americano está proibindo apresentações em Powerpoint por entender que sua linearidade distorce a complexidade das estratégias mostradas. A Microsoft criou um add-inn chamado PptPlex, de operação extremamente simples, que viabiliza apresentações não lineares. Infelizmente, a Microsoft parece não estar interessada nesse produto pois ele pode ser baixado gratuitamente mas você, não raro, não consegue instalá-lo. Mesmo assim, vale apena tentar. O PpptPlex lembra muito o Prezi mas este só funciona online e você precisa pagar para poder manter suas apresentações sem acesso público.
 
Facebook
Zack Whittaker postou em seu blog [28-4-2010] a informação de que o Facebook e outras redes sociais não apagam dos servidores os conteúdos que você postou mesmo quando você manda que eles sejam deletados; não só eles ficam lá como são acessáveis via hotlinks.
 
Calçadas Gerando Energia
A cidade francesa de Tolouse vai instalar calçadas que produzirão eletricidade suficiente para alimentar a iluminação local; a nova tecnologia permite captar a energia do movimento dos transeuntes.
 
Novo Classmate
Os adversários são fortes e esgrimem argumentos poderosos: tanto os que acham que os e-readers vão acabar com os netbooks quanto os que pensam exatamente o contrário.
O fato é que o novo Classamte Conversível da Intel é uma máquina a ser analisada. Fomato de tablet, usabilidade aprimorada, softwares interessantes, tela maior e expectativa de 8,5 horas de bateria.
 
Multitasking
Tornou-se padrão dizer que uma característica básica da Geração Y é fazer muitas coisas ao mesmo tempo. O que se tem discutido menos é se isso deve ser estimulado ou deve ser corrigido baseado na idéia de que é impossível dar atenção a muitas coisas simultaneamente.
 
Twitter na Escola
As estatísticas dizem que jovens não gostam do twitter. Eles aprendem a usar a ferramenta rapidamente mas não se interessam por seu uso. Pense nisso se você está considerando a adoção do twitter em sua escola.
 
Barreira de Laptops
O professor universitário tem mais um concorrente nas salas de aula: as telas que se escondem atrás da barreira de tampas de laptops levantadas nas mesas. Sente-se na última fila e veja o que acontece. Alguns buscam notícias e emails; outros apenas deixam suas máquinas ligadas e, ocasionalmente, checam informações dadas pelo professor e outros dedicam-se a tarefas totalmente alheias à aula; uns poucos até poderão estar tomando notas da aula. Smartphones também são usados para alguams dessas tarefas. Uma corrente propõe o banimento dos laptops; outra diz que, mesmo sem laptops, só boas aulas conseguem atrair a atenção dos alunos e pedem que os laptops fiquem. Isso remete a velhos princípios andragógicos: se o aluno não tiver a percepção de que o conteúdo da aula é importante para ele, ele viaja com ou se laptop; e quem poderá censurá-lo?

Renascimento

É tempo de renascer. Reviver momentos antigos. Reviver blogs antigos. Começar novos projetos na web. 

Pretendo fazer desta plataforma um ponto de convergência para tudo o que ando fazendo. Desde projetos acadêmicos e pessoais, até os projetos profissionais.

E vamos tocando a vida e acelerando.